Família desabafa contra o sistema de saúde por descaso no atendimento. Eles dizem que jovem, que morreu na noite de sábado (18), estava grávida.
O corpo da dona de casa Patrícia Costa França, de 25 anos, que teve aneurisma e morreu após fazer uma peregrinação em busca de atendimento médico, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (20), em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Na cerimônia, realizada no Cemitério Jardim da Paz, o marido da jovem, o coordenador técnico Douglas Martins, de 25, lamentou a perda da esposa.
"O sonho dela era ter uma casa, para cuidar dos nossos filhos e olha a casa que ela ganhou", disse, ao apontar para o túmulo. "Vou continuar em frente para cuidar dos nossos dois filhos e vou dar todo o amor para eles, em dobro, o meu e o dela, mas vai ser difícil", disse, aos prantos.
A mãe de Douglas, Inacimar Martins Ferreira, 43, também estava inconsolável no enterro da nora e reclamou da forma com que a jovem foi tratada quando buscou atendimento. "Ela está indo para as mãos de Deus. Está indo ficar com Deus por conta do descaso da saúde pública. Isso é revoltante", disse.
Segundo o marido, a jovem também estava grávida. No entanto, ainda não houve confirmação oficial sobre a gravidez.
Peregrinação
Patrícia começou a passar mal no último dia 7. Com fortes dores na cabeça e perda de visão, ela foi levada para o Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) do Setor Nova Era. Como a unidade estava lotada, os parentes a levaram a um hospital particular e pagaram por um exame que apontou o aneurisma. Por ser considerado um problema grave, o médico que fez o atendimento a encaminhou para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Douglas conta que a solicitação era para vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas que a mulher passou a noite em um leito de enfermaria da unidade. Em seguida, ela foi transferida para o Hospital Cidade Jardim, onde a família acusa que ela demorou três dias para ser atendida e não foi medicada durante esse período. Ela teve alta, mas voltou a passar mal em casa e foi internada novamente no Hugo.
O marido alegou, ainda, que teve dificuldades para fazer a liberação do corpo e que teve de ir à polícia para realizar o procedimento, pois acredita que a morte tenha ocorrido em decorrência na falha do atendimento.
"O responsável pelo corpo da minha mulher queria liberar o corpo para o SVO [Serviço de Verificação de Óbito], alegando causas naturais. Eu não aceitei e insisti que o corpo fosse levado para o IML [Instituto Médico Legal] para fazer mais exames e saber realmente quais foram as causas da morte. Para isso, tive que ir na delegacia e registrar um boletim de ocorrência", conta.
O tio de Patrícia, o jardineiro Cláudio Divino de Souza alega que houve falha no atendimento e que isso foi crucial para a morte da sobrinha. "Não sou médico, mas acredito que se ela tivesse sido bem atendida, teria maiores chances de sobreviver", alega. A família diz que pretende entrar na justiça contra o hospital.
A assessoria de imprensa do Hugo informou, em nota, que lamenta o "desfecho do quadro clínico" de Patrícia e afirma que será aberta uma sindicância para apurar a conduta de todos os envolvidos na assistência à paciente.