Após ser encontrada, suposta vendedora deve ser ouvida em Caruaru. Se houver grupo criminoso, investigações serão da PF, diz delegada.
A Polícia Civil de Caruaru está realizando buscas para tentar localizar a suspeita de vender um recém-nascido por R$ 2,5 mil para uma mulher de Goiás. De acordo com a delegada Polyanne Farias, só após encontrá-la será possível identificar se houve ou não algum crime praticado no município.
"A partir do depoimento vamos saber se essa pessoa saiu daqui para vender a criança em outro estado ou se alguém veio para comprar aqui. Caso alguma conduta criminosa tenha sido feita em Caruaru, iremos instaurar um inquérito", diz.
Ainda segundo a delegada, será necessário identificar também se foi um caso ou específico ou se há um grupo envolvido na venda. "Se houver um grupo de ação criminosa, as investigações serão da Polícia Federal. Enquanto isso não é confirmado, a Polícia Civil de Pernambuco está dando todo o apoio para a Polícia Civil de Goiás", declara.
Conselho Tutelar
O Conselho de Tutelar de Minaçu informou que a criança recebeu as primeiras vacinas e passou por consulta médica. O recém-nascido está em um abrigo que acolhe crianças e adolescentes que esperam a Justiça definir a guarda. Os funcionários do lugar e os conselheiros tutelares estão revezando os cuidados.
Entenda
Uma autônoma de 29 anos foi presa suspeita de comprar um recém-nascido de 9 dias de vida, em Minaçu, no norte de Goiás. Segundo as investigações, ela pagou R$ 2,5 mil pela criança. Conversas feitas por meio de um aplicativo de mensagens mostraram a negociação da suspeita com a mãe do bebê (veja foto). Segundo o delegado Rhaniel de Almeida Pires, a mulher pediu certidão de nascimento ao hospital local afirmando que "a criança tinha nascido no meio da estrada, durante uma viagem e depois não procurou o médico, por isso, não tinha o documento".
Os funcionários da unidade desconfiaram da história da autônoma e ligaram para a polícia. Porém, ela saiu do local antes que os agentes chegassem. Em seguida, a suspeita foi até a Secretaria de Saúde tentando conseguir o mesmo documento os servidores não acreditaram na história e também ligaram para os policiais. Ela foi presa na sede do órgão, onde confessou que o bebê não era dela, mas disse que “ganhou” a criança de uma mulher que mora em Caruaru (PE).
Para a polícia, há suspeita de envolvimento de uma organização criminosa. “Achamos diversas conversas dela com a mãe biológica da criança falando sobre depósitos em dinheiro e também comprovantes dessas transferências. Ela faz depósitos que somam R$ 2 mil e, quando foi buscar a criança, pagou mais R$ 500. Isso é preocupante, porque mostra que existe um mercado de bebês e até mesmo de fácil acesso", disse Pires.
A mulher disse que já tem três filhos biológicos, um adotado e que pegou esse recém-nascido para cuidar dele e não tinha nenhuma intenção de revendê-lo. Ela deve ser indiciada por tentativa de falsidade ideológica, já que tentou registrar uma criança que não nasceu dela, e por receber uma criança mediante pagamento. Se condenada, as penas, somadas, podem chegar a nove anos de prisão. Ela está presa no Presídio Municipal de Minaçu.