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Jornal Internacional The Guardian Publica Reportagem Sobre Kátia Abreu. É a Rainha da Motosserra, Senhorita Desmatamento

Data do post: 08/05/2014 21:50:24 - Visualizações: (3252)

The Guardian, um dos principais jornais do mundo, diz que Kátia Abreu é perigosa; jornal destaca combate a ambientalistas e índios feitos pela senadora

Bloomberg/Getty ImagesO The Guardian, jornal britânico e umas das principais publicações informativas do mundo, publicou extensa reportagem falando da senadora tocantinense Kátia Abreu (PMDB). O jornal, que lembra os apelidos da senadora, como “Rainha da Motosserra”, “Senhorita Desmatamento” e “Cara de Mal”, destaca o esforço da congressista para, em nome da proteção ao agronegócio, passar por cima das leis ambientais, combater ambientalistas, pequenos produtores rurais e sem-terra e, pasmem, até os índios.

Em um trecho da entrevista, Kátia Abreu é clara ao afirmar que a questão indígena, ou seja, os direitos dos índios poderem morar na terra onde nasceram, é um grande entrave para o desenvolvimento.Confira, abaixo, a reportagem completa do jornal:

Rainha da motosserra’ do Brasil enfrenta ambientalistas

Política ambiciosa, Kátia Abreu lidera o lobby agrícola perdendo o controle sobre o desmatamento da Amazônia

Fora da estufa política de Brasília há, provavelmente, poucos que podem nomear o chefe do poderoso lobby agrícola do Brasil, no entanto, a mulher em questão, Kátia Abreu, está se tornando rapidamente a mais interessante, importante - e perigosa – política do país.

 A senadora e fazendeira do Tocantins era uma força influente no enfraquecimento do Código Florestal Brasileiro, responsabilizada por muitos pelo recente aumento do desmatamento da Amazônia. Seu apoio - no parlamento e em uma coluna de jornal satírico - por mais estradas na Amazônia, pelo controle do Congresso sobre demarcação de reservas indígenas, monoculturas mais eficientes e geneticamente modificados "exterminador de sementes" lhe rendeu a ira dos ambientalistas que a chamavam de "Senhorita Desmatamento", "rainha da motosserra" e "cara de mal".

Abreu, no entanto, é desafiadora, dizendo que está se preparando para disputar a Presidência um dia e quer ajudar o Brasil a superar os EUA como o maior produtor de alimentos do mundo. "Concorrer para presidente não é um plano - é destino. Eu estou pronta para isso, me preparando se este for o meu destino", disse ela em uma entrevista em seu escritório em Brasília. "A crítica dos ambientalistas radicais é a melhor forma de apoio. Isso me dá satisfação. Isso mostra que estou no caminho certo e fazendo o papel certo."

Psicóloga que assumiu uma fazenda depois que seu marido morreu em 1987, Abreu tornou-se a defensora mais ferrenha do agronegócio no Brasil. Ela gere a Confederação da Agricultura e Pecuária e leva seu lobby político, que reivindica mais de 250 senadores e membros do Congresso.

Seu principal objetivo é aumentar a produção agrícola, o que representa uma participação de um grande (23%) crescimento da economia do Brasil. Safras de soja e outros produtos subiram nos últimos anos, colocando o país - de acordo com Abreu - a caminho de superar os EUA, mesmo sem novos desmatamentos. "Nós temos todos os elementos essenciais: água em abundância, tecnologia avançada e muita terra para a produção. Com base nisso, podemos nos tornar o número um, sem o corte de árvores."

Sua mensagem de negócios é sustentada pela bandeira do nacionalismo e ataques a qualquer grupo acusado de tentar retardar o crescimento da agricultura brasileira. Isto inclui os ambientalistas, grupos indígenas e camponeses sem terra, os quais ela alega -sem provas- que estavam trabalhando para interesses estrangeiros. "Eu não tenho provas concretas disso, mas eu recebo uma forte impressão de que este é o caso", disse ela.

 Retórica e estilo intransigente de Abreu são uma reminiscência de Margaret Thatcher. Quando menciono a comparação, a senadora fica entusiasmada.

"Obrigado! Margaret Thatcher teve uma das maiores mentes políticas liberais. Ela construiu um conjunto de princípios que mudou o mundo. Só lamento que eu não tive a oportunidade de conhecê-la."

Como Thatcher na década de 80, Abreu está engajado em uma luta potencialmente de mudar o mundo. Enquanto a batalha do primeiro-ministro britânico contra os mineiros na década de 80 marcou o início de um período de divisão social e capitalismo desgovernado, Abreu está enfrentando o movimento ambientalista com enormes consequências potenciais para o clima global e oferta de alimentos. Ela parece estar ganhando. À medida que a economia tornou-se mais dependente do agronegócio, a influência de seu lobby no parlamento aumentou até o ponto onde ele pode quase fazer ou quebrar a agenda do governo.

A situação era muito diferente de uma década atrás, quando o ex-ministro do Meio Ambiente, Marina Silva introduziu uma série de medidas que diminuiu o desmatamento e prometeu mais território para grupos indígenas e camponeses sem terra.

 A situação era muito diferente de uma década atrás, quando a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva introduziu uma série de medidas que diminuiu o desmatamento e prometeu mais território para grupos indígenas e camponeses sem terra.

 Abreu disse que o jogo virou. "Por muitos anos, o ambientalismo chegou a um passo extremo e no setor do agronegócio foram tratados como criminosos", disse ela, mas agora "nosso setor do agronegócio pode influenciar a escolha dos reis e rainhas no Brasil. No passado, exercíamos apenas influência econômica. Agora temos também o poder político".

Apesar de estarem ostensivamente em lados opostos da divisão ideológica, Abreu disse que estava disposta a trabalhar com Rousseff por um preço: "Eu só quero que ela esteja disposta a entender a nossa situação, para ter uma ideia dos problemas das faces do setor agrícola e para ajudar a resolver esses problemas para que possamos continuar crescendo e para que o Brasil possa ser o número um na produção de alimentos."

 É provável que isso signifique uma maior erosão dos direitos indígenas, leis ambientais mais fracas e perda de restrições sobre as sementes geneticamente modificadas - todos os quais estão sendo empurrados no senado pelo lobby de Abreu.

 "Não podemos descansar sobre nossas honras. Há muitas coisas a atrasar o progresso a questão ambiental, a questão indígena e mais. Mas mesmo com esses problemas, nós mantemos a produção de altos níveis de produtividade. Imagine o quão alto pode ser sem esses obstáculos," ela disse.

Clique aqui para ler a  reportagem original, em inglês

Fonte: The Guardian