Foi apresentado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, na noite desta segunda-feira (7), Gustavo Bezerra dos Santos, de 20 anos, acusado de ter disparado um tiro de pistola 380 contra a cabeça do sargento da Polícia Militar Manoel Marinho Sousa Filho, de 43 anos, crime ocorrido na madrugada de sábado (5), na casa do militar, no Bairro Liberdade.
Além dele, foi apresentado, também, Wanderson Santos Pereira, de 18 anos, acusado de ter receptado uma das armas que desapareceram da casa do policial.
Ainda durante o final de semana foi apreendido um menor de idade, de 17 anos, e preso o balconista de farmácia Ernandes Ferreira de Lima, 26 anos, também suspeitos de envolvimento no crime. Gustavo foi preso na cidade de Bacabal, no Maranhão, e trazido para Marabá em uma viatura do Grupo Tático Operacional (GTO). Ouvido pela Reportagem, ele confessou o crime.
"Matei ele depois que aconteceu um abuso. A pistola estava no pé da cama, mas não posso contar toda a história, apenas para o delegado“, declarou. Gustavo alega que se sentiu humilhado por ele, por isso cometeu o crime. “Ele estava acordado quando eu matei ele. Eu matei ele porque ele fez eu fazer coisas que eu não queria. Me senti humilhado”, alegou. Ele, ainda, tomou para si toda a responsabilidade pelo crime. “Só eu mesmo participei”, afirmou, acrescentando que havia conhecido o militar naquela mesma noite. “Antes eu conhecia ele apenas de vista”.
O tenente-coronel José Eduardo Pimentel, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), esteve na delegacia acompanhando a apresentação e comemorou as prisões. "O que matou efetivamente o policial e estava com ele no quarto está preso. Chegamos até ele com base na investigação que fizemos no bairro. Nossos policiais se empenharam e não mediram esforços para realizar essas prisões. Consideramos que podemos dar o caso como desvendado”, declarou.
Ainda conforme o comandante, as investigações, no entanto, continuam para se estabelecer qual a exata participação de todos os envolvidos. “Os dois primeiros a serem presos Ernandes e adolescente de qualquer forma também têm participação no evento, mas isso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil. Vamos esperar agora o depoimento deles para verificar todo o caso e se há mais informações para serem checadas”.
Das três armas roubadas da residência do policial militar - duas pistolas calibre 380 e uma pistola calibre ponto 40 da Polícia Militar – apenas uma calibre 380 foi recuperada. “Continuamos ainda as investigações, em conjunto com a Polícia Civil, para encontrar as outras duas”. Wanderson, que havia sido preso em Marabá, mas foi levado até o Maranhão, possivelmente para mostrar onde o outro estava escondido, também com versou com a Reportagem e declarou que sequer sabia do assassinato do policial quando pegou a arma para revender. “Sobre a morte, não fui eu. Eu só vendi a arma, uma pistola 380. Fiquei sabendo da morte dele só ontem domingo”.
Viatura teria capotado durante viagem
Uma fonte ligada à Polícia Militar informou que enquanto os presos eram trazidos a Marabá a viatura do Grupo Tático Operacional (GTO) capotou no município de São Pedro da Água Branca, no Maranhão. Os policiais teriam conseguido desvirar o veículo e prosseguido a viagem até Marabá, sendo que alguns tiveram escoriações leves. A Reportagem entrou em contato com o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel José Eduardo de Oliveira Pimentel, e com o comandante do GTO, tenente Bruno Teixeira. Ambos se negaram a comentar o caso.
Há mais um preso e um menor apreendido
Ainda no final de semana foi preso, em Marabá, Ernandes Ferreira de Lima e apreendido um adolescente de 17 anos sob suspeita de envolvimento no caso. Segundo a versão que o menor de idade contou para a polícia, o mentor do crime seria Ernandes e o objetivo era subtrair alguns pertences da vítima, como armas, joias e dinheiro.
“Eles tinham interesse nas armas que o sargento possuía. Eram três pistolas, sendo uma do Batalhão e duas particulares. Eles tramaram toda a situação durante uma festa ontem sexta-feira, dia 4, pela madrugada. De posse de algumas informações, conseguimos chegar até o menor e ele não demonstrou arrependimento. Disse o que fez, porque fez e que até faria de novo”, informou o tenente Bruno Teixeira.
Ainda de acordo com o relato do adolescente feito à polícia, após a morte do PM, Ernandes chegou ao local e fez “o limpa”. Ernandes admitiu que esteve com a vítima naquela madrugada, mas conta outra história e afirma ser inocente.
Ernandes diz que conhecia o policial militar há certo tempo, mas alega não ter nenhuma participação na morte dele. Ele relatou à Reportagem que foi a uma casa noturna com a vítima e, na volta, o sargento trouxe ele e o menor em uma motocicleta. “Ele Marinho me deixou na porta de casa e saiu com esse rapaz”, completa o suspeito.
Segundo o balconista, eram comuns as saídas dele com o policial, mas não soube informar se a vítima já havia saído outras vezes com o menor. “Eu sou inocente, estava na hora errada e no dia errado. Ele adolescente jogou para cima de mim, me acusou e disse que eu tinha arquitetado a morte, sendo que o Marinho é meu amigo. Isso é uma covardia, tanto para ele sargento como para mim”, argumentou Ernandes.
O sargento Marinho estava lotado no Fórum de Marabá e, conforme comenta o tenente Teixeira, era muito querido pelos funcionários da instituição. “Tanto é que se fizeram presentes no local de crime juízes, promotores e defensores públicos. Lamentamos a fatalidade e estamos aqui para reprimir isso”, finalizou o tenente.