Quatro pessoas foram detidas com o dinheiro e material político, em Goiás. Até a manhã desta segunda (22), apenas um deles havia deixado cadeia.
A Justiça de Goiás arbitrou fiança para os quatro suspeitos presos em um avião com R$ 500 mil e milhares de panfletos do candidato ao governo do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) e do candidato a deputado federal Carlos Henrique Gaguim (PMDB), em Piracanjuba, a 87 km de Goiânia. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus), um dos homens, de 39 anos, deixou o presídio da cidade na noite de domingo (21). Já os outros três permaneciam na unidade até o fim da manhã desta segunda-feira (22).
O delegado Ricardo Torres Chueire disse que a decisão da Justiça foi tomada no fim de semana e que não compromete as investigações da Polícia Civil. “Eles vão responder por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributária. Nesses casos cabe liberdade provisória e a saída deles já era esperada. Sobre o possível crime eleitoral, as autoridades competentes, como o Tribunal Regional Eleitoral e a Procuradoria Regional Eleitoral de Tocantins, já receberam cópias do inquérito e estão tomando as providências necessárias”, relatou.
Os suspeitos foram presos no último dia 18, quando tentavam decolar em uma pista de pouso de Piracanjuba. Inicialmente, segundo o delegado, eles afirmaram, com exceção do piloto, que o dinheiro seria usado para custear despesas de campanha de Miranda devido ao bloqueio de contas do candidato. No entanto, mais tarde, eles voltaram atrás e disseram os "santinhos" foram esquecidos na aeronave e o dinheiro é fruto de um empréstimo tomado por um deles em Brasília.
Já o depoimento do piloto apontou que a aeronave pertence a um homem residente em Tocantins. Segundo a polícia, o piloto afirmou que recebeu ordens do proprietário do avião para que prestasse serviços a um integrante da campanha política do PMDB no Tocantins. O piloto disse que não tinha informações sobre o dinheiro ou a campanha.
Em relação aos panfletos, os suspeitos alegaram que o material não pertencia a eles. “Eles disserem que o mesmo avião tinha sido utilizado há alguns dias pelo Gaguim e que ele tinha esquecido esse material lá”, afirma Chueire.
Desconhecimento
Logo após a prisão dos suspeitos, o candidato Marcelo Miranda disse que não tem nenhuma ligação com o caso. "Se esse cidadão está falando, que ele prove que foi para a minha campanha. Eu só quero dizer, mais uma vez, que estou muito tranquilo para dizer a toda a sociedade tocantinense que eu não devo”, afirmou.
No mesmo dia, a advogada do candidato a deputado federal Gaguim, Stefane Cristina da Silva, afirmou seu cliente não tem envolvimento com o dinheiro e santinhos apreendidos. Ainda segundo ela, todo o material de campanha do candidato é produzido no Tocantins e que o valor gasto em campanha está sendo declarado segundo a legislação eleitoral.
Apreensão
Segundo o delegado Rilmo Braga, titular do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Itumbiara, a prisão aconteceu a partir de um monitoramento das pistas de pouso da região contra o tráfico de drogas.
“Para a nossa surpresa, identificamos o pouso desse avião com características suspeitas em Piracanjuba. Utilizando de técnicas policias de vigilância monitoramos o local ate a chegada da Hilux com três elementos que iam de encontro com o piloto que já estava com a aeronave pronta para decolar com todo esse material e folhetos políticos apreendidos bem como R$ 500 mil em dinheiro”, explicou em entrevista.