Jovem foi encontrada morta depois de mandar mensagem de 'socorro'. Testemunha disse que foi pressionada e que não sabia de nada.
O pedreiro Josimar Souza Brito, de 38 anos, também conhecido como Mazinho, e os irmãos Wanderley Brito Souza, 30 anos, e Waldisney Brito Souza, 25 anos, acusados de participar da morte da estudante Kely Moreira de Castro, de 19 anos, foram soltos após uma testemunha chave mudar a versão dela sobre o crime. A terceira audiência sobre o caso aconteceu na última quinta-feira (30), no Fórum de Porto Nacional, a 60 km de Palmas.
Segundo o promotor público Abel Andrade Leal Júnior, o inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público Estadual se basearam no depoimento de uma adolescente que se dizia testemunha ocular do crime.
"Ela foi ouvida na delegacia e apontou os três homens como sendo os autores do crime. Na audiência ela desmentiu. Disse que foi pressionada, que não sabia de nada. Acreditamos que ela está mentindo porque sabia com precisão onde o corpo de Kely estava", explica.
O promotor diz que essa não seria a primeira vez que a adolescente mente. Ele conta que a menor já havia mentido sobre a localização dela ao falar sobre um telefonema que recebeu de um dos suspeitos. "Descobrimos a verdade depois de fazer a quebra do sigilo telefônico dela. A gente sabe que ela tem envolvimento no crime, mas não sabemos se ela foi ameaçada e por isso mudou o testemunho", alega.
Com a mudança da versão contada pela testemunha à polícia e ao MPE, o processo contra os três acusados foi invalidado. "Eles foram impronunciados, soltos por falta de provas. Não tenho como imputar um homicído triplamente qualificado sem ter todos os fatos. Determinei que o inquérito fosse reaberto e enviado de volta para o delegado responsável pela investigação", esclarece o promotor.
De acordo com Secretaria de Segurança Pública (SSP), o delegado Jairon Afonso Coelho Miranda disse que em nenhum momento a adolescente foi pressionada a apontar suspeitos e que justamente para preservar a integridade física da menor, ela foi ouvida sempre na presença dos pais ou de conselheiros tutelares.
O órgão informou ainda que o delegado não sabe os motivos que levaram a menor a mudar a versão dos fatos porque foi o depoimento dela que tornou possível a descoberta do corpo da estudante, em uma área de de difícil acesso, dentro de um córrego. Dessa forma, a polícia acredita que ela saiba mais detalhes do crime.
Família quer justiça
O pai de Kely, Wagner Ferreira de Castro, diz que a família quer que a Justiça leve os autores da morte da filha para a cadeia. "Estamos nos sentindo injustiçados porque já passamos por tanta coisa. Um crime da maneira que foi e os caras que eram acusados já estão soltos. A gente quer que eles fiquem presos".
Mais de seis meses após a morte da estudante, Wagner diz que ainda sente falta da filha. "Não passa. É tanta saudade, lembrança. Ela cativava as pessoas. Não tem como superar, a gente simplesmente vive, não recupera", conta.
Entenda
Kely desapareceu no dia 23 de abril quando saiu de casa pela manhã para cobrar uma dívida de cosméticos que vendia. Na época, a mãe dela, a dona de casa Esmeralda Moreira dos Santos, contou que após sair de casa a jovem ligou e disse que tinha encontrado um homem que iria arrumar um trabalho de babá para ela. Depois disso, ela não foi mais encontrada.
A mãe da estudante relatou também que Kely enviou uma mensagem de 'socorro' para o aparelho celular do pai. O corpo dela foi encontrado dois dias depois (25 de abril) em um local de difícil acesso, no córrego Francisquinha, setor São Vicente, em Porto Nacional. Segundo a polícia a jovem estava com as mãos e os pés amarrados com cadarço.