Grupo protestou contra decisão de juiz que indeferiu afastamento de prefeito. Local estava interditado há dois meses após depredação.
Foi reinaugurado, na manhã desta segunda-feira (23), o prédio do Fórum Desembargadora Maria Madalena Alves Serejo, em Buriti, no Maranhão. O local, que estava interditado há dois meses, havia sido depredado e incendiado no dia 20 de janeiro por populares revoltados com decisão do juiz Jorge Antônio Sales Leite, que indeferiu o pedido de afastamento do prefeito Rafael Mesquita (PRB).
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), foram recuperadas paredes, forro, janelas e luminárias. Além disso, foram instaladas grades de proteção, aparelhos de ar condicionado, computadores, impressoras, telefones e sistema de monitoramento de ambientes. A reforma também teria incluído a revisão da rede elétrica e dos links de internet, além da construção de acesso e banheiros adaptados para deficientes físicos.
Durante a interdição, as atividades da comarca funcionaram temporariamente no Fórum de Coelho Neto, cidade a 40 km de Buriti. Os prazos processuais estarão suspensos até esta quinta-feira (26) para organização de processos e serão retomados em seguida.
Os 157 processos destruídos pelo fogo serão restaurados a médio prazo. A equipe da secretaria judicial terá que chamar e entrevistar as partes para reconstituir os autos.
Inquérito
Segundo o TJ-MA, os culpados pelo crime estão respondendo a processo instaurado na Justiça Federal. Cinco deles estão presos e, três, foragidos. O secretário de Segurança Pública do Estado Jefferson Portela disse que a resolução total do caso é questão de tempo.
"Nós, da segurança pública, estamos com o controle da situação. A prisão dos foragidos é uma questão de tempo e eles responderão por seus atos. Todo o sistema de busca criminal dos foragidos de Justiça do país já recebeu as informações sobre eles e o nosso serviço de inteligência está atento a qualquer movimentação", garantiu o delegado.
Depredação
No dia do crime, vários móveis, equipamentos de informática e parte do arquivo processual acabaram incendiados. O juiz foi encurralado e sacou uma arma para se defender até a chegada da polícia, que o retirou do local em segurança. Com cordas nas mãos, o grupo pretendia amarrá-lo, arrastá-lo para a rua e linchá-lo.
Mesquita é acusado de captação ilícita de sufrágio (compra e voto) e abuso de poder econômico em "ação de impugnação de mandato" ajuizada pelo Ministério Público. Ele foi flagrado com R$ 40 mil em espécie e não explicou a origem do dinheiro durante as eleições de 2012. O prefeito chegou a ter decretadas pela Justiça Eleitoral a perda do mandato eletivo e a inelegibilidade por pelo menos oito anos, mas conseguiu reverter a decisão em apenas 48 horas.
