Entre os dias 02 e 05 de abril, membros da Coalizão Vozes do Tocantins participaram de um evento marcante voltado para a promoção da alimentação escolar indígena.
Organizado e executado pela Mesa de Diálogo Permanente sobre Alimentação Escolar, que é composta por órgãos como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai Regional Araguaia Tocantins), Secretaria dos Povos Originários do Tocantins (Sepot), Secretaria da Educação do Tocantins (Seduc), Ministério Público Federal, Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), entre outros.
O evento contou com a participação de instituições, órgãos e associações como o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Associação Wyty Cate, ambos membros da Coalizão, o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar do Tocantins (Cecane - UFT), Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), tendo como anfitriã a Associação Pyka Mex, também membro da Coalizão Vozes do Tocantins e a comunidade da Aldeia Prata.
A oficina realizada durante os quatro dias contou com a participação de mais de 60 lideranças das aldeias da terra indígena Apinajé da região de Norte do Tocantins, além de membros da sociedade civil interessados no assunto. Durante os dias de aprendizado, o povo Apinajé participou ativamente das rodas de debates sobre o tema e de dinâmicas práticas, visando estimular o conhecimento adquirido.
Para Joel Apinajé, cacique da Aldeia da Prata e presidente da associação Pyka Mex, com a oficina foi permitido ampliar o entendimento da comunidade sobre como participar dos programas governamentais aos quais os mesmos ainda não tinham acesso. "Obtivemos valiosas informações através do diálogo entre os órgãos e a nossa comunidade indígena, e esta experiência nos motiva a continuar produzindo e avançando nesse processo, buscando conhecimento sobre os programas apresentados", destaca.
A iniciativa teve como objetivo central a apresentação e discussão da Catrapovos, uma estratégia que visa fortalecer o conhecimento adquirido sobre alimentação regionalizada em escolas localizadas em territórios indígenas e tradicionais. A compra dos cultivos produzidos nas comunidades e aldeias, também foi um assunto abordado devido a sua relevância em gerar renda para as populações locais, contribuindo para a redução da pobreza das famílias e garantindo uma alimentação regular, saudável e culturalmente relevante nas escolas.
Segundo Maria Clara Bernardes, especialista em indigenismo da Funai Regional Araguaia Tocantins, "a oficina sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), junto aos indígenas Apinajé, é o primeiro passo para informar e promover o acesso das agricultoras e agricultores indígenas a esta política pública tão importante na geração de renda para as famílias, para o fortalecimento da cultura alimentar no território e para a oferta de uma alimentação saudável e tradicional para estudantes indígenas".
Além disso, essa medida respeita os conhecimentos tradicionais e a sazonalidade na produção dos alimentos cultivados.
A presença da Coalizão Vozes do Tocantins, teve um papel fundamental ao proporcionar um espaço propício para o diálogo e a troca de experiências entre o povo Apinajé e os técnicos dos diferentes órgãos executores e apoiadores presentes durante os quatro dias de oficina.
O evento na Aldeia Prata, em Tocantinópolis, representa um passo importante na consolidação de políticas públicas voltadas para a promoção da segurança alimentar e nutricional das populações indígenas e tradicionais, demonstrando a relevância do diálogo entre diferentes atores sociais e institucionais para a construção de um futuro mais justo e sustentável.