A única informação dada para quem trabalha e vende no local é a de que o prefeito quer transformar o espaço em uma nova garagem da prefeitura.
Em uma manobra sorrateira que chocou comerciantes e moradores circunvizinhos, o prefeito Fabion Gomes (PL), sem qualquer decreto ou aviso prévio, determinou a interdição da Feira Osvaldo Mariano. A medida arbitrária, anunciada sem notificação formal, evidencia um desprezo pelas pessoas que dependem do local para sobreviver. A justificativa? Transformar o espaço em garagem para veículos da prefeitura.
Despejo Sem Explicação
A ação começou de forma abrupta: um funcionário da prefeitura apareceu na feira colando avisos de “interditado” em cada estabelecimento. Nem um decreto foi apresentado, nem os comerciantes foram previamente informados. Mais preocupante, a prefeitura não sinalizou qualquer solução ou alternativa para aqueles que dependem do espaço. A licitação que assegurava o direito de uso venceu e, até o momento, nenhuma nova foi aberta.
Entre os mais prejudicados estão figuras conhecidas da comunidade, como Diego, da “Budega do Diego”, e Dona Ivone, do “Bar e Restaurante da Ivone”. Ambos com 08 e 10 anos trabalhando no local.
Interesses Ocultos?
A suspeita de que interesses maiores estão em jogo não demorou a surgir. O ponto onde está localizada a feira deverá se valorizar com a construção do campus do IFTO, que será erguido no terreno vizinho. Para muitos, a desculpa de “usar como garagem” soa mais como uma estratégia para desocupar a área e, posteriormente, viabilizar uma licitação mais rentável, possivelmente favorecendo aliados políticos. Afinal, a família Gomes tem um histórico de domínio político em Tocantinópolis, controlando a cidade há mais de 30 anos.
Impacto Econômico
A interdição da feira não é apenas um golpe para os comerciantes, mas também para a economia local. Tocantinópolis já enfrenta um déficit alarmante de empregos, com apenas 13,63% da população economicamente ativa empregada, segundo o IBGE.
A retirada dos comerciantes não só agrava essa realidade como reforça o status de Tocantinópolis como um município exportador de mão de obra para Palmas, Goiânia e outros grandes centros.
Um Patrimônio Desperdiçado
Construída no ano de 2013 e inaugurada em 17 de novembro daquele ano. A estrutura custou para os cofres públicos cerca de R$ 450 mil reais, possui uma área coberta de 1.660m², tinha até parquinho para as crianças que se deteriorou e apesar de várias reclamações, nunca foi revitalizado e hoje encontra-se totalmente sucateado.
Em 2017, o espaço passou a ser utilizado como a única feira livre do município enquanto a oficial passava por uma reforma tipo pintura, na época, a troca foi aprovada pela população principalmente pelo espaço para estacionamento, porém, logo foi descartada e a indiferença da gestão anterior contribuiu para seu declínio. Agora, em vez de recuperar sua relevância, o espaço é tratado como um incômodo a ser descartado.
Os comerciantes despejados se encontram sem alternativas ou apoio. “Temos que aceitar e sair fora, não temos a quem recorrer, ele tem praticamente 10 vereadores do lado dele”, restando-lhes apenas a fé, enquanto assistem impotentes ao desmonte de seu sustento.
A Questão que Fica
A atitude autoritária do prefeito Fabion Gomes levanta questões fundamentais: até quando Tocantinópolis continuará a ser gerida de forma tão personalista? Quem protegerá os pequenos comerciantes e os empregos em uma cidade já fragilizada economicamente? E o mais importante, qual será o custo social de mais uma decisão tomada sem ouvir o povo?
A interdição da Feira Osvaldo Mariano é um lembrete amargo de que, em Tocantinópolis, a política muitas vezes caminha de costas para a população que deveria servir.
Tocantinópolis - TO
