No coração do Brasil, a riqueza natural do cerrado ganha uma nova chance graças aos esforços incansáveis dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) do Tocantins. Em um esforço conjunto liderado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), cerca de 10 toneladas de sementes de espécies nativas do cerrado foram coletadas pelos CBHs e entregues aos viveiros dos Centros de Recuperação de Áreas Degradadas (CRAD) para a produção de mudas no estado.
O balanço impressionante revelou que 9.988 kg de sementes foram coletadas e distribuídas estrategicamente. O CBH Lago de Palmas liderou com 4.453 kg, seguido por 2.223 kg no CBH Rio Formoso, 1.993 kg no CBH dos Rios Santo Antônio e Santa Tereza, 1.319 kg no CBH Rio Manuel Alves e 800 kg no CBH dos Rios Lontra e Corda. Estas sementes, representativas da biodiversidade do cerrado, agora encontram seu lar nos viveiros dos CRADs, onde recebem cuidados meticulosos para garantir sua germinação.
Graciela Ribeiro, diretora de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos, destaca a diversidade do cerrado. "O Cerrado é muito rico, por isso podemos notar a variedade de espécies de cada região, entre as madeireiras, frutíferas e ornamentais. Os CBHs já somam quase 10 toneladas de sementes coletadas, e esse número deve aumentar até o final do ciclo de coletas”.
A colaboração e dedicação dos membros dos CBHs são evidentes, como enfatizado por Marcelo Grison, presidente do CBH do Lago de Palmas. Ele elogia o sucesso da coleta, resultado do planejamento cuidadoso e das parcerias estratégicas. "Conseguimos fazer uma coleta representando toda a Bacia, com uma quantidade significativa e uma variedade de mais de 70 espécies coletadas e encaminhadas para produção de mudas no CRAD”.
Jair Filho, presidente do CBH do Rio Formoso, observa que a coleta continua, adaptando-se às tendências sazonais. "A variedade das sementes acompanha a tendência de cada época. Agora temos, por exemplo, sementes de espécies como flamboyant, buriti, angelim, baru, puçá, juçara, jatobá, tingir, brutos, entre outros”.
A parceria entre os Comitês, a Semarh, a Universidade Federal do Tocantins e as prefeituras municipais resultou em um esforço conjunto para revitalizar o cerrado. Mário Sena, presidente do CBH do Rio Manuel Alves, compartilha os planos para o futuro. "Estamos também com um projeto dentro do Colégio Agrícola de Natividade para fazermos uma revitalização na margem do córrego Prata. O viveiro vai trazer muita vida para a Bacia do Rio Manuel Alves, com as parcerias, ano passado foram mais de 345 nascentes revitalizadas, além da instalação de biodigestor nas fazendas, entre outras atividades”.
Mário Rocha, presidente do CBH dos Rios Lontra e Corda, enfatiza o esforço contínuo na diversificação das espécies. "Estamos empenhados na diversificação das espécies, para atender a demanda de toda a Bacia, já que uns têm foco no reflorestamento, outros na arborização. Então conseguimos encontrar o baru, o açaí, a bacaba, a jussara, o buriti, sem contar as outras espécies que temos na região, como o tamarindo e a acerola”.
Otacílio Silveira, presidente do CBH do Rio Palma, ressalta a importância dessa iniciativa diante das áreas degradadas do estado. "As nascentes desmatadas podem ser recuperadas, com o plantio das mudas produzidas com as sementes coletadas pelos Comitês”.
O trabalho incansável dos CBHs do Tocantins representa não apenas um esforço de conservação, mas também um compromisso vital com a preservação do cerrado, um ecossistema essencial para o Brasil e para o mundo. Com cada semente plantada, eles escrevem um capítulo na história da revitalização ambiental, lembrando a todos nós da importância de proteger e preservar nosso precioso meio ambiente.